Só se pode atribuir à necessidade de preencher o espaço de meia pagina que lhe cabe aos domingos, o fato de a ombudsman Suzana Singer ter incluído o parágrafo onde afirma que a exclusão da metade da foto onde o Sr. Battisti aparece em um bar visava "ampliar o entrevistado e a sua cerveja, fazendo com que a risada ao lado da "la dolce vita clandestina" soe como um deboche". Na verdade, a metade excluída não era necessária, não adicionava nenhuma informação vital e fazia com que a foto ocupasse um espaço desnecessário, além de competir com o foco centrado no assunto principal, um militante de esquerda a quem foram imputados 5 homicídios, dos quais ao menos um, o de um açogueiro, não tinha nenhuma conotação política e que escapou de ser enviado a um julgamento em seu país, contrariando parecer de nosso mais elevado tribunal e isso apenas por opção pessoal de nosso Guia Genial dos Povos que, ao arrepio do sentimento da maioria do povo brasileiro, o liberou para viver sem trabalhar, à custa de admiradores de sua obra, numa de nossas mais belas praias, onde pode tomar sossegado uma cerveja gelada e, com ou sem corte de fotografia, rindo de forma debochada quando deveria mostrar, ou ao menos fingir que mostra, ao menos, algumas poucas pitadas de discrição, decência e remorso.
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domingo, 11 de setembro de 2011
la dolce vita clandestina
Só se pode atribuir à necessidade de preencher o espaço de meia pagina que lhe cabe aos domingos, o fato de a ombudsman Suzana Singer ter incluído o parágrafo onde afirma que a exclusão da metade da foto onde o Sr. Battisti aparece em um bar visava "ampliar o entrevistado e a sua cerveja, fazendo com que a risada ao lado da "la dolce vita clandestina" soe como um deboche". Na verdade, a metade excluída não era necessária, não adicionava nenhuma informação vital e fazia com que a foto ocupasse um espaço desnecessário, além de competir com o foco centrado no assunto principal, um militante de esquerda a quem foram imputados 5 homicídios, dos quais ao menos um, o de um açogueiro, não tinha nenhuma conotação política e que escapou de ser enviado a um julgamento em seu país, contrariando parecer de nosso mais elevado tribunal e isso apenas por opção pessoal de nosso Guia Genial dos Povos que, ao arrepio do sentimento da maioria do povo brasileiro, o liberou para viver sem trabalhar, à custa de admiradores de sua obra, numa de nossas mais belas praias, onde pode tomar sossegado uma cerveja gelada e, com ou sem corte de fotografia, rindo de forma debochada quando deveria mostrar, ou ao menos fingir que mostra, ao menos, algumas poucas pitadas de discrição, decência e remorso.
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sexta-feira, 20 de maio de 2011
Capítulo I
Conseguir uma única refeição decente por dia, se você dispõe apenas de algumas armas de caça rudimentares já não era o que se pode chamar de uma tarefa fácil, quanto mais ainda se o seu local de busca é uma geleira dos Alpes Otztal, um lugar perdido entre as fronteiras do que viria a ser Áustria e a Itália, e o campo de caça estivesse soterrado por uma larga camada de neve formada no extremamente rigoroso inverno de 5000 luas atrás. Se a escalada daqueles montes íngremes já era uma tarefa cansativa, a neve fofa e o frio inclemente só vinham a tornar tudo mais exaustivo para quem andava há dias só comendo musgo.
Dizer que as armas eram rudimentares é mostrar hoje falta de respeito ao esforço tecnológico que permitiu que evoluíssemos como espécie. Na verdade as armas eram até bem concebidas e executadas para sua época. O arsenal pessoal consistia de um machado de cobre, feito com uma lâmina de cobre com ranhuras pela qual se passava uma alça que era atada a um cabo de madeira ou então trazia um furo por onde se introduzia um pedaço de pau que funcionava como um cabo. Traziam ainda um punhal de sílex com cabo de madeira resistente e um arco feito com a melhor madeira que se conhece até hoje para esse fim. Nas costas portava uma aljava de pele onde cabiam 20 flechas com ponta de sílex e estabilizadas com uma aleta de penas. O corpo de cobre do machados de cobre era feito através do método de cobre derretido que era vertido em moldes de pedra.
Independente da qualidade de seu arsenal e de esse tipo de caça ser ou não uma tarefa fácil, almoçava-se cabra montesa alpina, cervo e gamuzas. Também se podia comer um urso quando não se conseguia correr dele à tempo e quando, com um arremesso de sorte, conseguia-se gravar uma ou mais lanças no seu dorso, e sobreviver a isso. Além disso, se se andava pelas terras baixas, sempre se podia pegar alguns peixes com arpões.
O bom de se caçar um urso é que quase sempre que ele é morto a gente consegue sobreviver para matar outro e além disso e, além disso, consegue-se um monte de carne gordurosa e saborosa que dá para alimentar um monte de pré-históricos famintos e pele para gorros, sapatos e cabanas, além de um osso forte o suficiente para se fazer todo um estoque de agulhas, furadores e raspadores.
Se a fome era muita e se você tivesse guardado ante do inverno um pouco de lenha em sua caverna, um cheiro delicioso de carne assada invadia toda a montanha, pois era muito fácil fazer fogo em plena geleira usando um pedernal e um pedaço de pirita para jogar chispas sobre um punhado de fibras de um certo fungo que parasita as arvores da região e o foco obtido podia ser ampliado e mantido em uma tocha feita com diversos capins finos que se costuma levar no enbornal de couro. As fogueiras tanto serviam para cozinhar os alimentos, como para aquecer, iluminar e manter afastados animais ferozes como lobos e ursos que não estejam sendo assados.
Como a caça não era uma ciência exata e com o ainda não se tinha inventado a instituição da igraja para intermediar seus pedidos ao deuses, nem sempre se podia comer carne. O fato é que para sobreviver você devia aprender a viver exclusivamente do que a terra oferecia para ser colhido, como sementes, grãos, frutos, semi-frutos como as ciruelas do endrino, raízes, musgos, trigo silvestre amassado com pedra até se tornar um pó fino que podia ser armazenado por vários meses e depois ser transformado em uma pasta que, assada em carvão, resultava num tipo ancestral de pão
Na verdade andar pela montanha em busca de caça era o tipo de tarefa que só era delegada pelo clã aos seus membros mais robustos o que, naturalmente, parecia não ser mais o caso do velho Tarrant, que já vinha padecendo de pneumonia há alguns invernos. Na verdade, seu rosto já não mostrava a força de antes, seus músculos continuavam a definhar, sua visão já estava muito prejudicada pelo reflexo do sol na neve e seus joelhos, ou o que havia sobrado deles, já havia sido lesado muito e há muito pelo esforço de inúmeras subidas.O fato de ninguém nunca ter questionou sua presença em todas as expedições se devia ao fato de que ele conhecia todos os atalhos, cavernas e falhas da montanha.
Era uma figura estranha e bizarra, coberta com chaleco feito com um mosaico inusitado feito a partir de peles de viados e cabras. Anos de sofrimento, calos e experimentações tinham-no ensinado a criar um sapato cujo desenho permitia caminhar através da neve leve e ainda conseguiam ser impermeaveis. Feitos com uma bem curtida pele de urso como base para as para as plantas do pé, pele de cervo para as partes superiores e cortiça de árvore para a palmilha eram fechados com um cordão de couro trançado sobre o peito do pé. Para suavizar a aspereza do couro usava uma espécie ancestral de meia, formada por camadas feitas com uma erva suave pré-amassada com pedras e trançada com fibras vegetais. Os sapatos, se necessários, podiam também ser fixados a uma raqueta de madeira que permitia caminhar na neve mais funda.Não era uma vestimenta vistosa, mas era o que estava em moda naquele inverno do Calcolítico europeu.
Se para os mais robustos do clã andar pela montanha não era uma coisa comum e fácil, sendo que, mesmo os poucos que nela se aventuravam, não se atreviam a fazê-lo em grandes distancias. No mais das vezes um vivente podia passar toda a sua vida sem se distanciar não mais que 100 kilometros do lugar onde nasceu.Aliás, por que gastar uma energia obtida com extrema dificuldade se tudo o que voce tem para ver é apenas um estenso tapete branco e monotono.
Logo, o mais normal é você se manter por perto de sua caverna pois se o melhor lugar que você tem para passar a noite é uma caverna fria e escura cujo piso está atapetado com um guano viscoso e fétido e que ainda tem que ser dividida com morcegos é bom você agradecer às forças criadoras pois, a única alternativa de que você dispõe e passar a noite em uma cabana feita com peles da qual você pode ser expulso no meio da noite por um urso furioso e faminto.
Conseguir uma única refeição decente por dia, se você dispõe apenas de algumas armas de caça rudimentares já não era o que se pode chamar de uma tarefa fácil, quanto mais ainda se o seu local de busca é uma geleira dos Alpes Otztal, um lugar perdido entre as fronteiras do que viria a ser Áustria e a Itália, e o campo de caça estivesse soterrado por uma larga camada de neve formada no extremamente rigoroso inverno de 5000 luas atrás. Se a escalada daqueles montes íngremes já era uma tarefa cansativa, a neve fofa e o frio inclemente só vinham a tornar tudo mais exaustivo para quem andava há dias só comendo musgo.
Dizer que as armas eram rudimentares é mostrar hoje falta de respeito ao esforço tecnológico que permitiu que evoluíssemos como espécie. Na verdade as armas eram até bem concebidas e executadas para sua época. O arsenal pessoal consistia de um machado de cobre, feito com uma lâmina de cobre com ranhuras pela qual se passava uma alça que era atada a um cabo de madeira ou então trazia um furo por onde se introduzia um pedaço de pau que funcionava como um cabo. Traziam ainda um punhal de sílex com cabo de madeira resistente e um arco feito com a melhor madeira que se conhece até hoje para esse fim. Nas costas portava uma aljava de pele onde cabiam 20 flechas com ponta de sílex e estabilizadas com uma aleta de penas. O corpo de cobre do machados de cobre era feito através do método de cobre derretido que era vertido em moldes de pedra.
Independente da qualidade de seu arsenal e de esse tipo de caça ser ou não uma tarefa fácil, almoçava-se cabra montesa alpina, cervo e gamuzas. Também se podia comer um urso quando não se conseguia correr dele à tempo e quando, com um arremesso de sorte, conseguia-se gravar uma ou mais lanças no seu dorso, e sobreviver a isso. Além disso, se se andava pelas terras baixas, sempre se podia pegar alguns peixes com arpões.
O bom de se caçar um urso é que quase sempre que ele é morto a gente consegue sobreviver para matar outro e além disso e, além disso, consegue-se um monte de carne gordurosa e saborosa que dá para alimentar um monte de pré-históricos famintos e pele para gorros, sapatos e cabanas, além de um osso forte o suficiente para se fazer todo um estoque de agulhas, furadores e raspadores.
Se a fome era muita e se você tivesse guardado ante do inverno um pouco de lenha em sua caverna, um cheiro delicioso de carne assada invadia toda a montanha, pois era muito fácil fazer fogo em plena geleira usando um pedernal e um pedaço de pirita para jogar chispas sobre um punhado de fibras de um certo fungo que parasita as arvores da região e o foco obtido podia ser ampliado e mantido em uma tocha feita com diversos capins finos que se costuma levar no enbornal de couro. As fogueiras tanto serviam para cozinhar os alimentos, como para aquecer, iluminar e manter afastados animais ferozes como lobos e ursos que não estejam sendo assados.
Como a caça não era uma ciência exata e com o ainda não se tinha inventado a instituição da igraja para intermediar seus pedidos ao deuses, nem sempre se podia comer carne. O fato é que para sobreviver você devia aprender a viver exclusivamente do que a terra oferecia para ser colhido, como sementes, grãos, frutos, semi-frutos como as ciruelas do endrino, raízes, musgos, trigo silvestre amassado com pedra até se tornar um pó fino que podia ser armazenado por vários meses e depois ser transformado em uma pasta que, assada em carvão, resultava num tipo ancestral de pão
Na verdade andar pela montanha em busca de caça era o tipo de tarefa que só era delegada pelo clã aos seus membros mais robustos o que, naturalmente, parecia não ser mais o caso do velho Tarrant, que já vinha padecendo de pneumonia há alguns invernos. Na verdade, seu rosto já não mostrava a força de antes, seus músculos continuavam a definhar, sua visão já estava muito prejudicada pelo reflexo do sol na neve e seus joelhos, ou o que havia sobrado deles, já havia sido lesado muito e há muito pelo esforço de inúmeras subidas.O fato de ninguém nunca ter questionou sua presença em todas as expedições se devia ao fato de que ele conhecia todos os atalhos, cavernas e falhas da montanha.
Era uma figura estranha e bizarra, coberta com chaleco feito com um mosaico inusitado feito a partir de peles de viados e cabras. Anos de sofrimento, calos e experimentações tinham-no ensinado a criar um sapato cujo desenho permitia caminhar através da neve leve e ainda conseguiam ser impermeaveis. Feitos com uma bem curtida pele de urso como base para as para as plantas do pé, pele de cervo para as partes superiores e cortiça de árvore para a palmilha eram fechados com um cordão de couro trançado sobre o peito do pé. Para suavizar a aspereza do couro usava uma espécie ancestral de meia, formada por camadas feitas com uma erva suave pré-amassada com pedras e trançada com fibras vegetais. Os sapatos, se necessários, podiam também ser fixados a uma raqueta de madeira que permitia caminhar na neve mais funda.Não era uma vestimenta vistosa, mas era o que estava em moda naquele inverno do Calcolítico europeu.
Se para os mais robustos do clã andar pela montanha não era uma coisa comum e fácil, sendo que, mesmo os poucos que nela se aventuravam, não se atreviam a fazê-lo em grandes distancias. No mais das vezes um vivente podia passar toda a sua vida sem se distanciar não mais que 100 kilometros do lugar onde nasceu.Aliás, por que gastar uma energia obtida com extrema dificuldade se tudo o que voce tem para ver é apenas um estenso tapete branco e monotono.
Logo, o mais normal é você se manter por perto de sua caverna pois se o melhor lugar que você tem para passar a noite é uma caverna fria e escura cujo piso está atapetado com um guano viscoso e fétido e que ainda tem que ser dividida com morcegos é bom você agradecer às forças criadoras pois, a única alternativa de que você dispõe e passar a noite em uma cabana feita com peles da qual você pode ser expulso no meio da noite por um urso furioso e faminto.
quinta-feira, 9 de dezembro de 2010
A pequena casa de madeira da Rua Heitor Penteado, construída em meados do século passado, ainda existe e resiste firme, apesar das muitas reformas por que passou ao longo dos últimos 65 anos. A velha casa ainda conserva sob si os mesmos troncos sobre os foi então assentada, ainda que já agora pareçam imensos molares desgastados pelo sol, cupins e por muitas chuvas que por eles passaram, teimando em sobreviver aos tempos, aos fatos e as pessoas.
Isso só prova que desde rapazote, o velho Tramontini , já tinha algum talento para a arte de construir casas e com o mesmo carinho com que a fez tábua a tábua, prego a prego e telha a telha, ainda a teima em reparar, de ano em ano, ocultando os defeitos da velha senhora, como se entre eles houvesse um pacto mágico de se manterem em pé. E o mais curioso é que sempre que pode, ainda usa nessa tarefa a mesma enxó com que a construiu e mesmo agora, aos 81 anos ele ainda teima em andar sobre os seus telhados da mesma forma como anda sobre os andaimes da casa que ajuda a construir para seu filho, usando ainda, acreditem, a mesma enxó..
Uma enxó, para quem não conhece, é uma ferramenta em forma de pequeno machado que serve para aplainar madeiras de forma rústica e que é usada desde os tempos antigos. Aliás,essa enxó, para consternação de seu dono, foi dada como perdida por muito tempo, tendo sido objeto de muita procura e que, de fato, estava era caída num quanto do quarto de ferramentas do velho Tramonta.
O rapazote era é o meu pai, Ernesto Tramontini, filho de Genovieffa Tramontina, antes Genovieffa Cosin , filha de Giusepe Cosin e Anna Cosin, antes Anna Ostanella. O pai de meu pai era Constantine “Floriano” Tramontina , sendo Constantine ou Constante Tramontina como o chamavam e como foi enterrado, filho de Giovanni Tramontina e Sicilia Tramontina, que antes já era Tramontina, eis que, seriam parentes entre sí nas pequenas aldeia alpinas de tramonto de sopra, tramonto de mezzo e tramonti de sota, de onde meu pai herdou o sangue austro/italiano.
O que interessa é que foi nessa casa em que, por ocasião da hora da Ave Maria, de um mormacento dia de julho de 1956, quando já ia o sol pelo meio de seu caminho, se ouviu-se uma jovem senhora gritando para que sua conhecida de nome Salvelina corresse buscar a parteira Maria Negreira pois que já se lhe advinham primeiras dores do parto.
A jovem senhora era e é minha mãe, Palmira Lopes Tramontini, antes Lopes de Almeida, filha de Lucinda Maria Lopes, antes de Lucinda Rodrigues de Lima, sendo Lucinda, filha de Joaquim Rodrigues de Lima e de Cecilia Rodrigues de Lima, já havendo ,de onde minha mãe já herdou uma mistura de sangue português e espanhol. O pai de minha mãe era Joaquim Lopes de Almeida, filho de Antonio Lopes de Almeida e Guilhermina Maria Lopes de Almeida, antes Guilhermina Maria da Conceição, de onde minha mãe já herdou uma mistura de sangue africano com guarani e espanhol.
A Dona Maria Negreira, que não se lhe façam a desfeita de mencioná-la apenas en passant , como uma parteira qualquer pois já naquele tempo era parteira de renome que já havia trazido ao mundo um sem números rebentos, sejam oriundos de partos fáceis ou dificílimos, com crianças se apresentando de frente, de lado ou de bunda. A boa parteira em tudo dava jeito, não se conhecendo um caso se quer em que tivesse perdido a criança e muito menos uma mãe .
Por mais que a muitos possa parecer estranho e fantástico, me recordo muito bem de quando a boa Maria Negreiros me trouxe a esse mundo. Lembro que tinha um rosto marrom como o de minha mãe, redondo, bondoso e de riso branco e fácil, pescoço forte amparando uma cabeça bem formada, coberta de longos e já brancos cabelos, estes encimados em um coque arrematado por um lenço branco. O caso é que a velha Maria Negreiros, pegou seu embornal de parteira, seus panos, barbantes, algodões e ferros e chegou rápida à pequena casa.Fazia calor no quarto que estava com a janela e porta fechadas e o suor escorria pelas faces de Dona Maria Negreiros não só pelo quarto abafado quanto pelo esforço feito para subir a rua com suas alpercatas, apressada e ciente da responsabilidade que lhe colocavam sobre os ombros .
Ao lado da cama onde minha mãe já estava há tempos nos trabalhos de meu parto, a boa parteira colocou uma grande bacia de latão estanhado e mandou que se lhe trouxessem, o mais rápido possível, água quente. A água quente chegou pouco depois, numa chaleira grande, dessas que não se vê mais, e a parteira mandou que fosse enchida novamente e recolocada de volta sobre o fogão de lenha da cozinha. Ato contínuo, forrou a cama com os lençóis mais gastos da casa e olhando bem nos olhos de minha mãe lhe disse com um riso no rosto que se acalmasse, porque a criança já estava coroando. Mais água quente foi trazida, e fria também, e tudo foi colocado na bacia cuja temperatura, com o cotovelo, a boa senhora tomou. Já no quarto estava minha tia Polônia muito embora, como era de seu costume, minha avó, que para nós era Josefa, se mantinha ausente, com a desculpa de que ainda não conseguira se desvencilhar de seus afazeres na casa, em cujo grande quintal, ficava a pequena casa onde viria em breve nascer.
O que ocorria era que minha avó Josefa só dava as caras quando os netos já haviam nascido, havia sido assim com os outros e era assim que ela fazia pois, como dizia, não tinha nada ali a fazer para ajudar. Não era o caso de se tomar isso como sinal de fraqueza, pois minha avó tinha colocado no mundo Alfredo, Ernesto, Orlando, Luiz, José, João e Iolanda, esta morta aos 7 anos de pneumonia.
Com efeito, é somente à parturiente a quem cabem os esforços do parto. E foi isso que coube a minha mãe que para tal já havia se preparado adrede atacando o estoques de galinhas amarelas, da raça ródia, que meu pai havia comprado justamente para tal. Esqueci-me ainda de dizer que minha tia Cecilia, esposa de meu tio Orlando, também estava no último mês de gravidez de quem viria a ser meu primo Luiz , de modo que ela e minha mãe atacaram o tal plantel galinháceo de modo tão raposino que nenhuma delas sobrou.
Depois de muito esforço, assopros, gritos e gemidos, acabei por dar com os costados de volta nesse mundo chorando como um bezerro revoltado. Me separaram do cordão umbilical e de minha mãe com uma tesoura feita com aquele aço sujo segredo se perdeu e então, a velha parteira de muitos partos e rituais, como se resolvesse conferir a mim alguma benção ou proteção adicional, pegou o sangue de meu cordão umbilical e fez com ele um cruz vermelha na minha testa.
A parteira Maria Negreiros banhou-me então na bacia com a água agora já morna, vestiu-me com meus panos de bunda e com a melhor roupa que minha mãe havia eito para mim, com carinho e desvelo de que só as mães são capazes e, só então, mostrou-me à minha mãe dizendo que se tratava de um menino grande, de cabelos bem pretos e saco bem roxo, além é claro de ótimos pulmões.
Indagada por minha mãe sobre o motivo de ter marcado minha testa com uma cruz de sangue, a boa senhora disse que era para que eu fosse sempre uma pessoa honesta. Fato é que, querendo ou não, ao assim proceder, a velha parteira acabara de me marcar como cristão com a cruz a lembrar Jesus, o Salvador, e a declarar a fé no crucificado, pelo qual se recebe a salvação eterna. Fui, portanto, batizado com o sinal dos discípulos de Jesus, tendo minha fronte marcada com uma cruz tão vermelha quanto o sangue derramado por Jesus, a qual nunca mais poderá ser apagada. Pela imposição da cruz o marcado passa a pertencer a Jesus e será salvo por Jesus crucificado e ressuscitado.
Eu que já havia combatido pela cruz e com a cruz no peito, me senti novamente protegido e em terreno familiar e, como é do feitio dos recém nascidos, pus-me quieto e dormi, pela primeira vez, ouvindo bem ao lado a ainda ofegante respiração de minha mãe.
Foi só aí então que minha avó Josefá apareceu para me ver, não sei bem o que a velha italiana pensou ao me ver pela primeira vez, pois eu era um pouco menos claro que os seus demais netos, estava cercado por uma profusão de gente de olhos verdes, azuis e de peles bem bancas, ainda que algo queimadas pelo sol da labuta diária no campo sob o sol tropical.Porém era normal, tinha todos os membros e dedos e ainda por cima bons pulmões e como dizia meu avó Constante, che non se contenta gode !
Pouco me lembro de meu avô Constante, tenho a garrucha de dois canos que era dele, marca acier tin, fabricação de final dos anos 1800, e até mesmo com ela já atirei, andei perseguindo sua navalha de barba, mas, embora minha mãe me tivesse dito que a havia dado a um primo barbeiro e mesmo tendo ido dele comprá-la, não pude deixar me enganar-me e a devolvi depois de saber que não se tratava da mesma. Lembro dos vidros do xarope Fenergam que ele andou tomando no final de sua vida para acabar com seus problemas pulmonares e lembro, que mesmo assim, nunca deixou seu cachimbo nem seu cigarro de palha de lado. Acho que algumas vezes dele me aproximei, mas não me recordo de ter dito ou ouvido palavra, tanto mais por que ele morreu quando eu tinha apenas 6 anos. Lembro de vê-lo lendo o Jornal O ESTADO DE SÃO PAULO e foi ele, provavelmente a primeira pessoa a quem vi ler um jornal. Acho que foi dele de quem meu pai e eu herdamos o hábito, que conservamos até hoje, de ler o jornal de cabo a rabo. Não sei porque o vechio Tramontini abandou o Floriano de seu nome, se é que ele algum dia o usou pois nem em seu desembarque, em 1884, consta o nome Floriano. Porem quando recentemente descrubrimos sua certidão de casamento, aparece em sua certidão o nome Floriano. Seria por causa de Marco Annio Floriano que em 276 d.C foi escolhido pelo exército no Ocidente para suceder Tácito sem o consenso do Senado e embora com apoio da Itália, Gália, Hispânia, Britânia, África e Mauritânia foi assassinado pelos seus próprios soldados e se tornou conhecido como Il usurpatore !?.
O que ocorria é que mesmo ali, ao nascer, já era eu, então, um espírito de muitas luzes, muitos saberes e muitos sofreres, frutos de minhas muitas andanças por muitas terras, vidas e épocas à causa de sucessivas re-encarnações, estas ônus e fruto de minha adorada e maldita inclinação bélica que sempre me levava, por amor á guerra , a matar e destruir retornando a cada vez a um estágio espiritual anterior ao que me encontrava. Era assim, vindo do túnel úmido e escuro dos tempos passados, respingado pelo doce sangue de muitas batalhas, esgotado pelo esforço de matar e não se deixar morrer, com os pulmões em brasa pelo novo reencontro com ar quente e muitas vezes respirado da tarde, vim dar novamente com os costados nesse umbral berrando mais que 600 diabos .
Mesmo à quem tenha lutado em Maratona, contra Dario em Arbela, , á sombra do Touro da Legio X, contra os godos em Adrianopla , Busta Gallorum, lechefeld, Hastings, Saratoga e Stalingrado, não se garante uma nova, bélica e emocionante reencarnação e há como um hiato silencioso dos gritos dos homens e dos seus canhões, inodoro dos cheiros de poeira, couros, animália, excrementos e sangue, sem o tato aveludado dos aços superiores e dos tendões feito em cordas de arcos, sem o peso dos machados e enxós de guerra e sem que se possa desfrutar do terror estampado na face do inimigo à morrer. Não está garantida a camaradagem dos irmãos em armas, o cheiro do pão preto assado nas carroças da equipagem, o vinho vagabundo, a cerveja mal fermentada e o cervo abatido nas florestas silenciosas.
Mas, se por ora você está fadado a uma vida calma, isso não significa que você não possa torná-la um pouco agitada, nem que está fadado a não poder voltar a um nova guerra, afinal, você sempre pode levar seu front aonde for.
Isso só prova que desde rapazote, o velho Tramontini , já tinha algum talento para a arte de construir casas e com o mesmo carinho com que a fez tábua a tábua, prego a prego e telha a telha, ainda a teima em reparar, de ano em ano, ocultando os defeitos da velha senhora, como se entre eles houvesse um pacto mágico de se manterem em pé. E o mais curioso é que sempre que pode, ainda usa nessa tarefa a mesma enxó com que a construiu e mesmo agora, aos 81 anos ele ainda teima em andar sobre os seus telhados da mesma forma como anda sobre os andaimes da casa que ajuda a construir para seu filho, usando ainda, acreditem, a mesma enxó..
Uma enxó, para quem não conhece, é uma ferramenta em forma de pequeno machado que serve para aplainar madeiras de forma rústica e que é usada desde os tempos antigos. Aliás,essa enxó, para consternação de seu dono, foi dada como perdida por muito tempo, tendo sido objeto de muita procura e que, de fato, estava era caída num quanto do quarto de ferramentas do velho Tramonta.
O rapazote era é o meu pai, Ernesto Tramontini, filho de Genovieffa Tramontina, antes Genovieffa Cosin , filha de Giusepe Cosin e Anna Cosin, antes Anna Ostanella. O pai de meu pai era Constantine “Floriano” Tramontina , sendo Constantine ou Constante Tramontina como o chamavam e como foi enterrado, filho de Giovanni Tramontina e Sicilia Tramontina, que antes já era Tramontina, eis que, seriam parentes entre sí nas pequenas aldeia alpinas de tramonto de sopra, tramonto de mezzo e tramonti de sota, de onde meu pai herdou o sangue austro/italiano.
O que interessa é que foi nessa casa em que, por ocasião da hora da Ave Maria, de um mormacento dia de julho de 1956, quando já ia o sol pelo meio de seu caminho, se ouviu-se uma jovem senhora gritando para que sua conhecida de nome Salvelina corresse buscar a parteira Maria Negreira pois que já se lhe advinham primeiras dores do parto.
A jovem senhora era e é minha mãe, Palmira Lopes Tramontini, antes Lopes de Almeida, filha de Lucinda Maria Lopes, antes de Lucinda Rodrigues de Lima, sendo Lucinda, filha de Joaquim Rodrigues de Lima e de Cecilia Rodrigues de Lima, já havendo ,de onde minha mãe já herdou uma mistura de sangue português e espanhol. O pai de minha mãe era Joaquim Lopes de Almeida, filho de Antonio Lopes de Almeida e Guilhermina Maria Lopes de Almeida, antes Guilhermina Maria da Conceição, de onde minha mãe já herdou uma mistura de sangue africano com guarani e espanhol.
A Dona Maria Negreira, que não se lhe façam a desfeita de mencioná-la apenas en passant , como uma parteira qualquer pois já naquele tempo era parteira de renome que já havia trazido ao mundo um sem números rebentos, sejam oriundos de partos fáceis ou dificílimos, com crianças se apresentando de frente, de lado ou de bunda. A boa parteira em tudo dava jeito, não se conhecendo um caso se quer em que tivesse perdido a criança e muito menos uma mãe .
Por mais que a muitos possa parecer estranho e fantástico, me recordo muito bem de quando a boa Maria Negreiros me trouxe a esse mundo. Lembro que tinha um rosto marrom como o de minha mãe, redondo, bondoso e de riso branco e fácil, pescoço forte amparando uma cabeça bem formada, coberta de longos e já brancos cabelos, estes encimados em um coque arrematado por um lenço branco. O caso é que a velha Maria Negreiros, pegou seu embornal de parteira, seus panos, barbantes, algodões e ferros e chegou rápida à pequena casa.Fazia calor no quarto que estava com a janela e porta fechadas e o suor escorria pelas faces de Dona Maria Negreiros não só pelo quarto abafado quanto pelo esforço feito para subir a rua com suas alpercatas, apressada e ciente da responsabilidade que lhe colocavam sobre os ombros .
Ao lado da cama onde minha mãe já estava há tempos nos trabalhos de meu parto, a boa parteira colocou uma grande bacia de latão estanhado e mandou que se lhe trouxessem, o mais rápido possível, água quente. A água quente chegou pouco depois, numa chaleira grande, dessas que não se vê mais, e a parteira mandou que fosse enchida novamente e recolocada de volta sobre o fogão de lenha da cozinha. Ato contínuo, forrou a cama com os lençóis mais gastos da casa e olhando bem nos olhos de minha mãe lhe disse com um riso no rosto que se acalmasse, porque a criança já estava coroando. Mais água quente foi trazida, e fria também, e tudo foi colocado na bacia cuja temperatura, com o cotovelo, a boa senhora tomou. Já no quarto estava minha tia Polônia muito embora, como era de seu costume, minha avó, que para nós era Josefa, se mantinha ausente, com a desculpa de que ainda não conseguira se desvencilhar de seus afazeres na casa, em cujo grande quintal, ficava a pequena casa onde viria em breve nascer.
O que ocorria era que minha avó Josefa só dava as caras quando os netos já haviam nascido, havia sido assim com os outros e era assim que ela fazia pois, como dizia, não tinha nada ali a fazer para ajudar. Não era o caso de se tomar isso como sinal de fraqueza, pois minha avó tinha colocado no mundo Alfredo, Ernesto, Orlando, Luiz, José, João e Iolanda, esta morta aos 7 anos de pneumonia.
Com efeito, é somente à parturiente a quem cabem os esforços do parto. E foi isso que coube a minha mãe que para tal já havia se preparado adrede atacando o estoques de galinhas amarelas, da raça ródia, que meu pai havia comprado justamente para tal. Esqueci-me ainda de dizer que minha tia Cecilia, esposa de meu tio Orlando, também estava no último mês de gravidez de quem viria a ser meu primo Luiz , de modo que ela e minha mãe atacaram o tal plantel galinháceo de modo tão raposino que nenhuma delas sobrou.
Depois de muito esforço, assopros, gritos e gemidos, acabei por dar com os costados de volta nesse mundo chorando como um bezerro revoltado. Me separaram do cordão umbilical e de minha mãe com uma tesoura feita com aquele aço sujo segredo se perdeu e então, a velha parteira de muitos partos e rituais, como se resolvesse conferir a mim alguma benção ou proteção adicional, pegou o sangue de meu cordão umbilical e fez com ele um cruz vermelha na minha testa.
A parteira Maria Negreiros banhou-me então na bacia com a água agora já morna, vestiu-me com meus panos de bunda e com a melhor roupa que minha mãe havia eito para mim, com carinho e desvelo de que só as mães são capazes e, só então, mostrou-me à minha mãe dizendo que se tratava de um menino grande, de cabelos bem pretos e saco bem roxo, além é claro de ótimos pulmões.
Indagada por minha mãe sobre o motivo de ter marcado minha testa com uma cruz de sangue, a boa senhora disse que era para que eu fosse sempre uma pessoa honesta. Fato é que, querendo ou não, ao assim proceder, a velha parteira acabara de me marcar como cristão com a cruz a lembrar Jesus, o Salvador, e a declarar a fé no crucificado, pelo qual se recebe a salvação eterna. Fui, portanto, batizado com o sinal dos discípulos de Jesus, tendo minha fronte marcada com uma cruz tão vermelha quanto o sangue derramado por Jesus, a qual nunca mais poderá ser apagada. Pela imposição da cruz o marcado passa a pertencer a Jesus e será salvo por Jesus crucificado e ressuscitado.
Eu que já havia combatido pela cruz e com a cruz no peito, me senti novamente protegido e em terreno familiar e, como é do feitio dos recém nascidos, pus-me quieto e dormi, pela primeira vez, ouvindo bem ao lado a ainda ofegante respiração de minha mãe.
Foi só aí então que minha avó Josefá apareceu para me ver, não sei bem o que a velha italiana pensou ao me ver pela primeira vez, pois eu era um pouco menos claro que os seus demais netos, estava cercado por uma profusão de gente de olhos verdes, azuis e de peles bem bancas, ainda que algo queimadas pelo sol da labuta diária no campo sob o sol tropical.Porém era normal, tinha todos os membros e dedos e ainda por cima bons pulmões e como dizia meu avó Constante, che non se contenta gode !
Pouco me lembro de meu avô Constante, tenho a garrucha de dois canos que era dele, marca acier tin, fabricação de final dos anos 1800, e até mesmo com ela já atirei, andei perseguindo sua navalha de barba, mas, embora minha mãe me tivesse dito que a havia dado a um primo barbeiro e mesmo tendo ido dele comprá-la, não pude deixar me enganar-me e a devolvi depois de saber que não se tratava da mesma. Lembro dos vidros do xarope Fenergam que ele andou tomando no final de sua vida para acabar com seus problemas pulmonares e lembro, que mesmo assim, nunca deixou seu cachimbo nem seu cigarro de palha de lado. Acho que algumas vezes dele me aproximei, mas não me recordo de ter dito ou ouvido palavra, tanto mais por que ele morreu quando eu tinha apenas 6 anos. Lembro de vê-lo lendo o Jornal O ESTADO DE SÃO PAULO e foi ele, provavelmente a primeira pessoa a quem vi ler um jornal. Acho que foi dele de quem meu pai e eu herdamos o hábito, que conservamos até hoje, de ler o jornal de cabo a rabo. Não sei porque o vechio Tramontini abandou o Floriano de seu nome, se é que ele algum dia o usou pois nem em seu desembarque, em 1884, consta o nome Floriano. Porem quando recentemente descrubrimos sua certidão de casamento, aparece em sua certidão o nome Floriano. Seria por causa de Marco Annio Floriano que em 276 d.C foi escolhido pelo exército no Ocidente para suceder Tácito sem o consenso do Senado e embora com apoio da Itália, Gália, Hispânia, Britânia, África e Mauritânia foi assassinado pelos seus próprios soldados e se tornou conhecido como Il usurpatore !?.
O que ocorria é que mesmo ali, ao nascer, já era eu, então, um espírito de muitas luzes, muitos saberes e muitos sofreres, frutos de minhas muitas andanças por muitas terras, vidas e épocas à causa de sucessivas re-encarnações, estas ônus e fruto de minha adorada e maldita inclinação bélica que sempre me levava, por amor á guerra , a matar e destruir retornando a cada vez a um estágio espiritual anterior ao que me encontrava. Era assim, vindo do túnel úmido e escuro dos tempos passados, respingado pelo doce sangue de muitas batalhas, esgotado pelo esforço de matar e não se deixar morrer, com os pulmões em brasa pelo novo reencontro com ar quente e muitas vezes respirado da tarde, vim dar novamente com os costados nesse umbral berrando mais que 600 diabos .
Mesmo à quem tenha lutado em Maratona, contra Dario em Arbela, , á sombra do Touro da Legio X, contra os godos em Adrianopla , Busta Gallorum, lechefeld, Hastings, Saratoga e Stalingrado, não se garante uma nova, bélica e emocionante reencarnação e há como um hiato silencioso dos gritos dos homens e dos seus canhões, inodoro dos cheiros de poeira, couros, animália, excrementos e sangue, sem o tato aveludado dos aços superiores e dos tendões feito em cordas de arcos, sem o peso dos machados e enxós de guerra e sem que se possa desfrutar do terror estampado na face do inimigo à morrer. Não está garantida a camaradagem dos irmãos em armas, o cheiro do pão preto assado nas carroças da equipagem, o vinho vagabundo, a cerveja mal fermentada e o cervo abatido nas florestas silenciosas.
Mas, se por ora você está fadado a uma vida calma, isso não significa que você não possa torná-la um pouco agitada, nem que está fadado a não poder voltar a um nova guerra, afinal, você sempre pode levar seu front aonde for.
quarta-feira, 1 de dezembro de 2010
GESTOR
Há muitos anos , no inicio de minha carreira de gestor, recebi um livro chamado” O Gerente Minuto”, pelo titulo , de início, achei que era para aprender a fazer tudo muito rapidamente, em um minuto, mas, na verdade, o que o texto sugeria e que o gestor dedicasse pelo menos um minuto do dia para olhar nos olhos dos funcionários de sua equipe. Quer dizer, que, por ao menos um minuto por dia, devemos para e olhar para nossos colegas e enxergar a pessoa que esta ali, bem na nossa frente.
A verdade é que, mesmo após ler o tal livro, nem sempre coloquei isso em prática. Na verdade, por muito tempo fui um gestor imaturo, agitado, apressado, aflito e impaciente, que colocava sempre a responsabilidade do cargo e da entrega das metas acima de tudo, até mesmo das pessoas de minha equipe.
Mas com o tempo, e após passar por muitas teorias administrativas, fui entendendo quão grande era nossa responsabilidade pelas pessoas que estão sob nossa gestão. Entendi como podemos com pequenas atitudes melhorar ou piorar a vidas das pessoas.
Quantas atitudes minhas, para as quais não dei nenhum valor, foram adotadas pelas pessoas que trabalharam comigo, tanto para o bem, como bom exemplo a ser seguido, quanto para o mal, quando adotaram alguns de meus muitos erros na gestão de pessoas, me tomando como paradigma, quando na verdade eu tateava no escuro da gestão formadora de pessoas .Algumas vezes, magoei pessoas de quem gostava por impaciência ou falta de cuidado com as palavras e algumas outras, não tantas, fui citado por colegas, com quem já trabalhei, com carinho e reconhecimento.
Mas é somente com o tempo, quando você aprende que tudo o que você persegue vêm das pessoas, da formação e da manutenção de um time unido e coeso, que trabalha em equipe e comprometido com o cumprimento de metas, mas também com a manutenção de um bom clima organizacional, cheio de coleguismo e com o sentimento que, mais que um time, somos uma família que passa a maior parte de suas vidas juntos, é que nos damos conta de nossa grande responsabilidade pelo desenvolvimento dessas pessoas que estão sob nossos cuidados, não só enquanto funcionários e cidadãos, mas também como pessoas dotadas de sentimentos, desejos e esperanças a serem cultivados e cuidados.
A nós gestores foi dada a indelegável responsabilidade pela multiplicação da experiência, pela propagação do conhecimento e pela condução do aprendizado, transformando a nossa em uma empresa que aprende e em um espaço de construção do conhecimento. Além disso, temos que estarmos atentos as possibilidades de aprender e temos que ter humildade suficiente para sabermos que mesmo um funcionário em seu primeiro dia de trabalho tem algo a nos ensinar e que sempre é possível começarmos de novo e estarmos atentos para não repetir nossos erros.
Aprendemos no curso Diálogo, em Lógica e Processo Decisório, instrumentos teóricos para o desenvolvimento das competências gerenciais e habilidades relacionadas à construção de argumentos consistentes; em .Diversidade as competências necessárias para lidar com as diferenças da força de trabalho, com os conflitos intergrupais e seus principais conceitos; em Alinhamento Institucional, o alinhamento de valores e práticas no contexto de trabalho; em Saúde e Qualidade de Vida no Trabalho a tratar de vários temas relativos à qualidade de vida no trabalho e que Educação é um conjunto de processos, tempos, espaços e relações formativas que acontecem na Instituição e que deve estar a serviço do desenvolvimento e da realização plena das pessoas como seres humanos.
Cabe agora a nós a responsabilidade de por tudo isso em prática, de compartilhar com todos os saberes que aqui nos foram dados e as experiências que nos foram passadas, principalmente para as pessoas que estão despontando em nossa organização como futuros gestores de pessoas, não só para que elas não tenham que passar pelos mesmos erros por que passamos, como para que muita angústia seja evitada.
Devemos ter sempre em mente, na correria do dia a dia, quando formos pressionados pelas metas tidas como audaciosas, quando formos confrontados com o quase impossível, que nada há de mais importante na tarefa do gestor senão a de formar e desenvolver-se a si mesmo e às pessoas á sua volta, de saber ouvir, de olhar, por um minuto no olho da pessoa que está a sua frente, de conhecer suas aptidões e competências de se interessar pelo seu crescimento como pessoa e, isso, se faz com dialogo, lógica, alinhamento institucional e qualidade de vida, mas, principalmente e acima de tudo, com ética, respeito, justiça, dedicação, e amor.
Feito isso, tudo o mais tende a se resolver.
A verdade é que, mesmo após ler o tal livro, nem sempre coloquei isso em prática. Na verdade, por muito tempo fui um gestor imaturo, agitado, apressado, aflito e impaciente, que colocava sempre a responsabilidade do cargo e da entrega das metas acima de tudo, até mesmo das pessoas de minha equipe.
Mas com o tempo, e após passar por muitas teorias administrativas, fui entendendo quão grande era nossa responsabilidade pelas pessoas que estão sob nossa gestão. Entendi como podemos com pequenas atitudes melhorar ou piorar a vidas das pessoas.
Quantas atitudes minhas, para as quais não dei nenhum valor, foram adotadas pelas pessoas que trabalharam comigo, tanto para o bem, como bom exemplo a ser seguido, quanto para o mal, quando adotaram alguns de meus muitos erros na gestão de pessoas, me tomando como paradigma, quando na verdade eu tateava no escuro da gestão formadora de pessoas .Algumas vezes, magoei pessoas de quem gostava por impaciência ou falta de cuidado com as palavras e algumas outras, não tantas, fui citado por colegas, com quem já trabalhei, com carinho e reconhecimento.
Mas é somente com o tempo, quando você aprende que tudo o que você persegue vêm das pessoas, da formação e da manutenção de um time unido e coeso, que trabalha em equipe e comprometido com o cumprimento de metas, mas também com a manutenção de um bom clima organizacional, cheio de coleguismo e com o sentimento que, mais que um time, somos uma família que passa a maior parte de suas vidas juntos, é que nos damos conta de nossa grande responsabilidade pelo desenvolvimento dessas pessoas que estão sob nossos cuidados, não só enquanto funcionários e cidadãos, mas também como pessoas dotadas de sentimentos, desejos e esperanças a serem cultivados e cuidados.
A nós gestores foi dada a indelegável responsabilidade pela multiplicação da experiência, pela propagação do conhecimento e pela condução do aprendizado, transformando a nossa em uma empresa que aprende e em um espaço de construção do conhecimento. Além disso, temos que estarmos atentos as possibilidades de aprender e temos que ter humildade suficiente para sabermos que mesmo um funcionário em seu primeiro dia de trabalho tem algo a nos ensinar e que sempre é possível começarmos de novo e estarmos atentos para não repetir nossos erros.
Aprendemos no curso Diálogo, em Lógica e Processo Decisório, instrumentos teóricos para o desenvolvimento das competências gerenciais e habilidades relacionadas à construção de argumentos consistentes; em .Diversidade as competências necessárias para lidar com as diferenças da força de trabalho, com os conflitos intergrupais e seus principais conceitos; em Alinhamento Institucional, o alinhamento de valores e práticas no contexto de trabalho; em Saúde e Qualidade de Vida no Trabalho a tratar de vários temas relativos à qualidade de vida no trabalho e que Educação é um conjunto de processos, tempos, espaços e relações formativas que acontecem na Instituição e que deve estar a serviço do desenvolvimento e da realização plena das pessoas como seres humanos.
Cabe agora a nós a responsabilidade de por tudo isso em prática, de compartilhar com todos os saberes que aqui nos foram dados e as experiências que nos foram passadas, principalmente para as pessoas que estão despontando em nossa organização como futuros gestores de pessoas, não só para que elas não tenham que passar pelos mesmos erros por que passamos, como para que muita angústia seja evitada.
Devemos ter sempre em mente, na correria do dia a dia, quando formos pressionados pelas metas tidas como audaciosas, quando formos confrontados com o quase impossível, que nada há de mais importante na tarefa do gestor senão a de formar e desenvolver-se a si mesmo e às pessoas á sua volta, de saber ouvir, de olhar, por um minuto no olho da pessoa que está a sua frente, de conhecer suas aptidões e competências de se interessar pelo seu crescimento como pessoa e, isso, se faz com dialogo, lógica, alinhamento institucional e qualidade de vida, mas, principalmente e acima de tudo, com ética, respeito, justiça, dedicação, e amor.
Feito isso, tudo o mais tende a se resolver.
quinta-feira, 19 de agosto de 2010
El Discurso
34. En el mismo invierno los atenienses, siguiendo la costumbre tradicional, organizaron públicamente las ceremonias fúnebres de los primeros que habían muerto en esta guerra, de la siguiente manera: montan una tienda y exponen los huesos de los difuntos tres días antes del entierro, y cada uno lleva a su deudo la ofrenda que desea. Y cuando tiene lugar la conducción de cadáveres, unos carros transportan los féretros de ciprés, cada uno de una tribu y en su interior se hallan los huesos de los pertenecientes a cada una de las tribus. Se transporta también un féretro vacío preparado en honor de los desaparecidos que no fueron hallados al recuperar los cadáveres. Acompaña al cortejo el ciudadano o extranjero que quiere, y las mujeres de la familia quedan llorando sobre la tumba. Los depositan, pues, en el cementerio público que está en el más hermoso barrio de la ciudad, que es donde siempre dan sepultura a los que han muerto por la ciudad, excepción hecha de los que murieron en Maratón, pues a éstos, al considerar la brillantez de su valor, los enterraron allí mismo.
Y después que los cubren de tierra, un hombre elegido por la ciudad, el que por su inteligencia no parezca ser un necio y destaque en la estimación pública, pronuncia en honor de éstos el pertinente elogio, tras lo cual se marchan todos. Este es el modo como los entierran. Durante el transcurso de toda la guerra seguían esta costumbre cada vez que la ocasión se les presentaba. Así pues, para hablar en honor de estos primeros muertos fue elegido Pericles, hijo de Jantipo. Llegado el momento, se adelantó desde el sepulcro hacia una alta tribuna que se había erigido a fin de que pudiera hacerse oír ante tan gran muchedumbre, y habló así:
35. “La mayoría de los que aquí han hablado anteriormente elogian al que añadió a la costumbre el que se pronunciara públicamente este discurso, como algo hermoso en honor de los enterrados a consecuencia de las guerras. Aunque lo que a mí me parecería suficiente es que, ya que llegaron a ser de hecho hombres valientes, también de hecho se patentizara su fama como ahora mismo ven en torno a este túmulo que públicamente se les ha preparado; y no que las virtudes de muchos corran el peligro de ser creídas según que un solo hombre hable bien o menos bien. Pues es difícil hablar con exactitud en momentos en los que difícilmente está segura incluso la apreciación de la verdad. Pues el oyente que ha conocido los hechos y es benévolo, pensará quizá que la exposición se queda corta respecto a lo que él quiere y sabe; en cambio quien no los conoce pensará, por envidia, que se está exagerando, si oye algo que está por encima de su propia naturaleza. Pues los elogios pronunciados sobre los demás se toleran sólo hasta el punto en que cada cual también cree ser capaz de realizar algo de las cosas que oyó; y a lo que por encima de ellos sobrepasa, sintiendo ya envidia, no le dan crédito. Mas, puesto que a los antiguos les pareció que ello estaba bien, es preciso que también yo, siguiendo la ley, intente satisfacer lo más posible el deseo y la expectación de cada uno de vosotros.
36. Comenzaré por los antepasados, lo primero; pues es justo y al mismo tiempo conveniente que en estos momentos se les conceda a ellos esta honra de su recuerdo. Pues habitaron siempre este país en la sucesión de las generaciones hasta hoy, y libre nos lo entregaron gracias a su valor. Dignos son de elogio aquéllos, y mucho más lo son nuestros propios padres, pues adquiriendo no sin esfuerzo, además de lo que recibieron, cuanto imperio tenemos, nos lo dejaron a nosotros, los de hoy en día. Y nosotros, los mismos que aún vivimos y estamos en plena edad madura, en su mayor parte lo hemos engrandecido, y hemos convertido nuestra ciudad en la más autárquica, tanto en lo referente a la guerra como a la paz. De estas cosas pasaré por alto los hechos de guerra con los que se adquirió cada cosa, o si nosotros mismos o nuestros padres rechazamos al enemigo, bárbaro o griego, que valerosamente atacaba, por no querer extenderme ante quienes ya lo conocen. En cambio, tras haber expuesto primero desde qué modo de ser llegamos a ellos, y con qué régimen político y a partir de qué caracteres personales se hizo grande, pasaré también, luego al elogio de los muertos, considerando que en el momento presente no sería inoportuno que esto se dijera, y es conveniente que lo oiga toda esta asamblea de ciudadanos y extranjeros.
37. Tenemos un régimen político que no se propone como modelo las leyes de los vecinos, sino que más bien es él modelo para otros. Y su nombre, como las cosas dependen no de una minoría, sino de la mayoría, es Democracia. A todo el mundo asiste, de acuerdo con nuestras leyes, la igualdad de derechos en los conflictos privados, mientras que para los honores, si se hace distinción en algún campo, no es la pertenencia a una categoría, sino el mérito lo que hace acceder a ellos; a la inversa, la pobreza no tiene como efecto que un hombre, siendo capaz de rendir servicio al Estado, se vea impedido de hacerlo por la oscuridad de su condición. Gobernamos liberalmente lo relativo a la comunidad, y respecto a la suspicacia recíproca referente a las cuestiones de cada día, ni sentimos envidia del vecino si hace algo por placer, ni añadimos nuevas molestias, que aun no siendo penosas son lamentables de ver. Y al tratar los asuntos privados sin molestarnos, tampoco transgredimos los asuntos públicos, más que nada por miedo, y por obediencia a los que en cada ocasión desempeñan cargos públicos y a las leyes, y de entre ellas sobre todo a las que están dadas en pro de los injustamente tratados, y a cuantas por ser leyes no escritas comportan una vergüenza reconocida. 38. Y también nos hemos procurado frecuentes descansos para nuestro espíritu, sirviéndonos de certámenes y sacrificios celebrados a lo largo del año, y de decorosas casas particulares cuyo disfrute diario aleja las penas. Y a causa de su grandeza entran en nuestra ciudad toda clase de productos desde toda la tierra, y nos acontece que disfrutamos los bienes que aquí se producen para deleite propio, no menos que los bienes de los demás hombres.
39. Y también sobresalimos en los preparativos de las cosas de la guerra por lo siguiente: mantenemos nuestra ciudad abierta y nunca se da el que impidamos a nadie (expulsando a los extranjeros) que pregunte o contemple algo —al menos que se trate de algo que de no estar oculto pudiera un enemigo sacar provecho al verlo—, porque confiamos no más en los preparativos y estratagemas que en nuestro propio buen ánimo a la hora de actuar. Y respecto a la educación, éstos, cuando todavía son niños, practican con un esforzado entrenamiento el valor propio de adultos, mientras que nosotros vivimos plácidamente y no por ello nos enfrentamos menos a parejos peligros. Aquí está la prueba: los lacedemonios nunca vienen a nuestro territorio por sí solos, sino en compañía de todos sus aliados; en cambio nosotros, cuando atacamos el territorio de los vecinos, vencemos con facilidad en tierra extranjera la mayoría de las veces, y eso que son gentes que se defienden por sus propiedades. Y contra todas nuestras fuerzas reunidas ningún enemigo se enfrentó todavía, a causa tanto de la preparación de nuestra flota como de que enviamos a algunos de nosotros mismos a puntos diversos por tierra. Y si ellos se enfrentan en algún sitio con una parte de los nuestros, si vencen se jactan de haber rechazado unos pocos a todos los nuestros, y si son vencidos, haberlo sido por la totalidad. Así pues, si con una cierta indolencia más que con el continuo entrenarse en penalidades, y no con leyes más que con costumbres de valor queremos correr los riesgos, ocurre que no sufrimos de antemano con los dolores venideros, y aparecemos llegando a lo mismo y con no menos arrojo que quienes siempre están ejercitándose. Por todo ello la ciudad es digna de admiración y aun por otros motivos.
40. Pues amamos la belleza con economía y amamos la sabiduría sin blandicie, y usamos la riqueza más como ocasión de obrar que como jactancia de palabra. Y el reconocer que se es pobre no es vergüenza para nadie, sino que el no huirlo de hecho, eso sí que es más vergonzoso. Arraigada está en ellos la preocupación de los asuntos privados y también de los públicos; y estas gentes, dedicadas a otras actividades, entienden no menos de los asuntos públicos. Somos los únicos, en efecto, que consideramos al que no participa de estas cosas, no ya un tranquilo, sino un inútil, y nosotros mismos, o bien emitimos nuestro propio juicio, o bien deliberamos rectamente sobre los asuntos públicos, sin considerar las palabras un perjuicio para la acción, sino el no aprender de antemano mediante la palabra antes de pasar de hecho a ejecutar lo que es preciso. Pues también poseemos ventajosamente esto: el ser atrevidos y deliberar especialmente sobre lo que vamos a emprender; en cambio en los otros la ignorancia les da temeridad y la reflexión les implica demora. Podrían ser considerados justamente los de mejor ánimo aquellos que conocen exactamente lo agradable y lo terrible y no por ello se apartan de los peligros. Y en lo que concierne a la virtud nos distinguimos de la mayoría, pues nos procuramos a los amigos, no recibiendo favores sino haciéndolos. Y es que el que otorga el favor es un amigo más seguro para mantener la amistad que le debe aquel a quien se lo hizo, pues el que lo debe es en cambio más débil, ya que sabe que devolverá el favor no gratuitamente sino como si fuera una deuda. Y somos los únicos que sin angustiarnos procuramos a alguien beneficios no tanto por el cálculo del momento oportuno como por la confianza en nuestra libertad.
41. Resumiendo, afirmo que la ciudad toda es escuela de Grecia, y me parece que cada ciudadano de entre nosotros podría procurarse en los más variados aspectos una vida completísima con la mayor flexibilidad y encanto. Y que estas cosas no son jactancia retórica del momento actual sino la verdad de los hechos, lo demuestra el poderío de la ciudad, el cual hemos conseguido a partir de este carácter. Efectivamente, es la única ciudad de las actuales que acude a una prueba mayor que su fama, y la única que no provoca en el enemigo que la ataca indignación por lo que sufre, ni reproches en los súbditos, en la idea de que no son gobernados por gentes dignas. Y al habernos procurado un poderío con pruebas más que evidentes y no sin testigos, daremos ocasión de ser admirados a los hombres de ahora y a los venideros, sin necesitar para nada el elogio de Homero ni de ningún otro que nos deleitará de momento con palabras halagadoras, aunque la verdad irá a desmentir su concepción de los hechos; sino que tras haber obligado a todas las tierras y mares a ser accesibles a nuestro arrojo, por todas partes hemos contribuido a fundar recuerdos imperecederos para bien o para mal. Así pues, éstos, considerando justo no ser privados de una tal ciudad, lucharon y murieron noblemente, y es natural que cualquiera de los supervivientes quiera esforzarse en su defensa.
42. Esta es la razón por la que me he extendido en lo referente a la ciudad enseñándoles que no disputamos por lo mismo nosotros y quienes no poseen nada de todo esto, y dejando en claro al mismo tiempo con pruebas ejemplares el público elogio sobre quienes ahora hablo. Y de él ya está dicha la parte más importante. Pues las virtudes que en la ciudad he elogiado no son otras que aquellas con que las han adornado estos hombres y otros semejantes, y no son muchos los griegos cuya fama, como la de éstos, sea pareja a lo que hicieron. Y me parece que pone de manifiesto la valía de un hombre, el desenlace que éstos ahora han tenido, al principio sólo mediante indicios, pero luego confirmándola al final. Pues es justo que a quienes son inferiores en otros aspectos se les valore en primer lugar su valentía en defensa de la patria, ya que borrando con lo bueno lo malo reportaron mayor beneficio a la comunidad que lo que la perjudicaron como simples particulares. Y de ellos ninguno flojeó por anteponer el disfrute continuado de la riqueza, ni demoró el peligro por la esperanza de que escapando algún día de su pobreza podría enriquecerse. Por el contrario, consideraron más deseable que todo esto el castigo de los enemigos, y estimando además que éste era el más bello de los riesgos decidieron con él vengar a los enemigos, optando por los peligros, confiando a la esperanza lo incierto de su éxito, estimando digno tener confianza en sí mismos de hecho ante lo que ya tenían ante su vista. Y en ese momento consideraron en más el defenderse y sufrir, que ceder y salvarse; evitaron una fama vergonzosa, y aguantaron el peligro de la acción al precio de sus vidas, y en breve instante de su Fortuna, en el esplendor mismo de su fama más que de su miedo, fenecieron.
43. Y así éstos, tales resultaron, de modo en verdad digno a su ciudad. Y preciso es que el resto pidan tener una decisión más firme y no se den por satisfechos de tenerla más cobarde ante los enemigos, viendo su utilidad no sólo de palabra, cosa que cualquiera podría tratar in extenso ante ustedes, que la conocéis igual de bien, mencionando cuántos beneficios hay en vengarse de los enemigos; antes por el contrario, contemplando de hecho cada día el poderío de la ciudad y enamorándose de él, y cuando les parezca que es inmenso, piensen que todo ello lo adquirieron unos hombres osados y que conocían su deber, y que actuaron con pundonor en el momento de la acción; y que si fracasaban al intentar algo no se creían con derecho a privar a la ciudad de su innata audacia, por lo que le brindaron su más bello tributo: dieron, en efecto, su vida por la comunidad, cosechando en particular una alabanza imperecedera y la más célebre tumba: no sólo el lugar en que yacen, sino aquella otra en la que por siempre les sobrevive su gloria en cualquier ocasión que se presente, de dicho o de hecho. Porque de los hombres ilustres tumba es la tierra toda, y no sólo la señala una inscripción sepulcral en su ciudad, sino que incluso en los países extraños pervive el recuerdo que, aun no escrito, está grabado en el alma de cada uno más que en algo material. Imiten ahora a ellos, y considerando que su libertad es su felicidad y su valor su libertad, no se angustien en exceso sobre los peligros de la guerra. Pues no sería justo que escatimaran menos sus vidas los desafortunados (ya que no tienen esperanzas de ventura), sino aquellos otros para quienes hay el peligro de sufrir en su vida un cambio a peor, en cuyo caso sobre todo serían mayores las diferencias si en algo fracasaran. Pues, al menos para un hombre que tenga dignidad, es más doloroso sufrir un daño por propia cobardía que, estando en pleno vigor y lleno de esperanza común, la muerte que llega sin sentirse.
44. Por esto precisamente no compadezco a ustedes, los padres de estos de ahora que aquí están presentes, sino que más bien voy a consolarles. Pues ellos saben que han sido educados en las más diversas experiencias. Y la felicidad es haber alcanzado, como éstos, la muerte más honrosa, o el más honroso dolor como ustedes y como aquellos a quienes la vida les calculó por igual el ser feliz y el morir. Y que es difícil convencerles de ello lo sé, pues tendrán múltiples ocasiones de acordarse de ellos en momentos de alegría para otros, como los que antaño también eran su orgullo. Pues la pena no nace de verse privado uno de aquellas cosas buenas que uno no ha probado, sino cuando se ve despojado de algo a lo que estaba acostumbrado. Preciso es tener confianza en la esperanza de nuevos hijos, los que aún están en edad, pues los nuevos que nazcan ayudarán en el plano familiar a acordarse menos de los que ya no viven, y será útil para la ciudad por dos motivos: por no quedar despoblada y por una cuestión de seguridad. Pues no es posible que tomen decisiones equitativas y justas quienes no exponen a sus hijos a que corran peligro como los demás. Y a su vez, cuantos han pasado ya la madurez, consideren su mayor ganancia la época de su vida en que fueron felices, y que ésta presente será breve, y alíviense con la gloria de ellos. Porque las ansias de honores es lo único que no envejece, y en la etapa de la vida menos útil no es el acumular riquezas, como dicen algunos, lo que más agrada, sino el recibir honores.
45. Por otra parte, para los hijos o hermanos de éstos que aquí están presentes veo una dura prueba (pues a quien ha muerto todo el mundo suele elogiar) y a duras penas podrían ser considerados, en un exceso de virtud por su parte, no digo iguales sino ligeramente inferiores. Pues para los vivos queda la envidia ante sus adversarios, en cambio lo que no está ante nosotros es honrado con una benevolencia que no tiene rivalidad. Y si debo tener un recuerdo de la virtud de las mujeres que ahora quedarán viudas, lo expresaré todo con una breve indicación. Para ustedes será una gran fama el no ser inferiores a vuestra natural condición, y que entre los hombres se hable lo menos posible de ustedes, sea en tono de elogio o de crítica.
46. He pronunciado también yo en este discurso, según la costumbre, cuanto era conveniente, y los ahora enterrados han recibido ya de hecho en parte sus honras; a su vez la ciudad va a criar a expensas públicas a sus hijos hasta la juventud, ofreciendo una útil corona a éstos y a los supervivientes de estos combates. Pues es entre quienes disponen de premios mayores a la virtud donde se dan ciudadanos más nobles. Y ahora, después de haber concluido los lamentos fúnebres, cada cual en honor de los suyos, márchense”.
[editar] Véase también
Pericles
Tucídides
[editar] Referencias
1.↑ Tucídides, Historia de la Guerra del Peloponeso, II, 34
Véase también: Tucídides, El discurso fúnebre de Pericles, publicado por Ediciones Sequitur, Madrid 2007, ISBN: 978-84-95363-31-2
[editar] Enlaces externos
Wikisource contiene obras originales de o sobre Pericles's Funeral Oration.Wikisource
34. En el mismo invierno los atenienses, siguiendo la costumbre tradicional, organizaron públicamente las ceremonias fúnebres de los primeros que habían muerto en esta guerra, de la siguiente manera: montan una tienda y exponen los huesos de los difuntos tres días antes del entierro, y cada uno lleva a su deudo la ofrenda que desea. Y cuando tiene lugar la conducción de cadáveres, unos carros transportan los féretros de ciprés, cada uno de una tribu y en su interior se hallan los huesos de los pertenecientes a cada una de las tribus. Se transporta también un féretro vacío preparado en honor de los desaparecidos que no fueron hallados al recuperar los cadáveres. Acompaña al cortejo el ciudadano o extranjero que quiere, y las mujeres de la familia quedan llorando sobre la tumba. Los depositan, pues, en el cementerio público que está en el más hermoso barrio de la ciudad, que es donde siempre dan sepultura a los que han muerto por la ciudad, excepción hecha de los que murieron en Maratón, pues a éstos, al considerar la brillantez de su valor, los enterraron allí mismo.
Y después que los cubren de tierra, un hombre elegido por la ciudad, el que por su inteligencia no parezca ser un necio y destaque en la estimación pública, pronuncia en honor de éstos el pertinente elogio, tras lo cual se marchan todos. Este es el modo como los entierran. Durante el transcurso de toda la guerra seguían esta costumbre cada vez que la ocasión se les presentaba. Así pues, para hablar en honor de estos primeros muertos fue elegido Pericles, hijo de Jantipo. Llegado el momento, se adelantó desde el sepulcro hacia una alta tribuna que se había erigido a fin de que pudiera hacerse oír ante tan gran muchedumbre, y habló así:
35. “La mayoría de los que aquí han hablado anteriormente elogian al que añadió a la costumbre el que se pronunciara públicamente este discurso, como algo hermoso en honor de los enterrados a consecuencia de las guerras. Aunque lo que a mí me parecería suficiente es que, ya que llegaron a ser de hecho hombres valientes, también de hecho se patentizara su fama como ahora mismo ven en torno a este túmulo que públicamente se les ha preparado; y no que las virtudes de muchos corran el peligro de ser creídas según que un solo hombre hable bien o menos bien. Pues es difícil hablar con exactitud en momentos en los que difícilmente está segura incluso la apreciación de la verdad. Pues el oyente que ha conocido los hechos y es benévolo, pensará quizá que la exposición se queda corta respecto a lo que él quiere y sabe; en cambio quien no los conoce pensará, por envidia, que se está exagerando, si oye algo que está por encima de su propia naturaleza. Pues los elogios pronunciados sobre los demás se toleran sólo hasta el punto en que cada cual también cree ser capaz de realizar algo de las cosas que oyó; y a lo que por encima de ellos sobrepasa, sintiendo ya envidia, no le dan crédito. Mas, puesto que a los antiguos les pareció que ello estaba bien, es preciso que también yo, siguiendo la ley, intente satisfacer lo más posible el deseo y la expectación de cada uno de vosotros.
36. Comenzaré por los antepasados, lo primero; pues es justo y al mismo tiempo conveniente que en estos momentos se les conceda a ellos esta honra de su recuerdo. Pues habitaron siempre este país en la sucesión de las generaciones hasta hoy, y libre nos lo entregaron gracias a su valor. Dignos son de elogio aquéllos, y mucho más lo son nuestros propios padres, pues adquiriendo no sin esfuerzo, además de lo que recibieron, cuanto imperio tenemos, nos lo dejaron a nosotros, los de hoy en día. Y nosotros, los mismos que aún vivimos y estamos en plena edad madura, en su mayor parte lo hemos engrandecido, y hemos convertido nuestra ciudad en la más autárquica, tanto en lo referente a la guerra como a la paz. De estas cosas pasaré por alto los hechos de guerra con los que se adquirió cada cosa, o si nosotros mismos o nuestros padres rechazamos al enemigo, bárbaro o griego, que valerosamente atacaba, por no querer extenderme ante quienes ya lo conocen. En cambio, tras haber expuesto primero desde qué modo de ser llegamos a ellos, y con qué régimen político y a partir de qué caracteres personales se hizo grande, pasaré también, luego al elogio de los muertos, considerando que en el momento presente no sería inoportuno que esto se dijera, y es conveniente que lo oiga toda esta asamblea de ciudadanos y extranjeros.
37. Tenemos un régimen político que no se propone como modelo las leyes de los vecinos, sino que más bien es él modelo para otros. Y su nombre, como las cosas dependen no de una minoría, sino de la mayoría, es Democracia. A todo el mundo asiste, de acuerdo con nuestras leyes, la igualdad de derechos en los conflictos privados, mientras que para los honores, si se hace distinción en algún campo, no es la pertenencia a una categoría, sino el mérito lo que hace acceder a ellos; a la inversa, la pobreza no tiene como efecto que un hombre, siendo capaz de rendir servicio al Estado, se vea impedido de hacerlo por la oscuridad de su condición. Gobernamos liberalmente lo relativo a la comunidad, y respecto a la suspicacia recíproca referente a las cuestiones de cada día, ni sentimos envidia del vecino si hace algo por placer, ni añadimos nuevas molestias, que aun no siendo penosas son lamentables de ver. Y al tratar los asuntos privados sin molestarnos, tampoco transgredimos los asuntos públicos, más que nada por miedo, y por obediencia a los que en cada ocasión desempeñan cargos públicos y a las leyes, y de entre ellas sobre todo a las que están dadas en pro de los injustamente tratados, y a cuantas por ser leyes no escritas comportan una vergüenza reconocida. 38. Y también nos hemos procurado frecuentes descansos para nuestro espíritu, sirviéndonos de certámenes y sacrificios celebrados a lo largo del año, y de decorosas casas particulares cuyo disfrute diario aleja las penas. Y a causa de su grandeza entran en nuestra ciudad toda clase de productos desde toda la tierra, y nos acontece que disfrutamos los bienes que aquí se producen para deleite propio, no menos que los bienes de los demás hombres.
39. Y también sobresalimos en los preparativos de las cosas de la guerra por lo siguiente: mantenemos nuestra ciudad abierta y nunca se da el que impidamos a nadie (expulsando a los extranjeros) que pregunte o contemple algo —al menos que se trate de algo que de no estar oculto pudiera un enemigo sacar provecho al verlo—, porque confiamos no más en los preparativos y estratagemas que en nuestro propio buen ánimo a la hora de actuar. Y respecto a la educación, éstos, cuando todavía son niños, practican con un esforzado entrenamiento el valor propio de adultos, mientras que nosotros vivimos plácidamente y no por ello nos enfrentamos menos a parejos peligros. Aquí está la prueba: los lacedemonios nunca vienen a nuestro territorio por sí solos, sino en compañía de todos sus aliados; en cambio nosotros, cuando atacamos el territorio de los vecinos, vencemos con facilidad en tierra extranjera la mayoría de las veces, y eso que son gentes que se defienden por sus propiedades. Y contra todas nuestras fuerzas reunidas ningún enemigo se enfrentó todavía, a causa tanto de la preparación de nuestra flota como de que enviamos a algunos de nosotros mismos a puntos diversos por tierra. Y si ellos se enfrentan en algún sitio con una parte de los nuestros, si vencen se jactan de haber rechazado unos pocos a todos los nuestros, y si son vencidos, haberlo sido por la totalidad. Así pues, si con una cierta indolencia más que con el continuo entrenarse en penalidades, y no con leyes más que con costumbres de valor queremos correr los riesgos, ocurre que no sufrimos de antemano con los dolores venideros, y aparecemos llegando a lo mismo y con no menos arrojo que quienes siempre están ejercitándose. Por todo ello la ciudad es digna de admiración y aun por otros motivos.
40. Pues amamos la belleza con economía y amamos la sabiduría sin blandicie, y usamos la riqueza más como ocasión de obrar que como jactancia de palabra. Y el reconocer que se es pobre no es vergüenza para nadie, sino que el no huirlo de hecho, eso sí que es más vergonzoso. Arraigada está en ellos la preocupación de los asuntos privados y también de los públicos; y estas gentes, dedicadas a otras actividades, entienden no menos de los asuntos públicos. Somos los únicos, en efecto, que consideramos al que no participa de estas cosas, no ya un tranquilo, sino un inútil, y nosotros mismos, o bien emitimos nuestro propio juicio, o bien deliberamos rectamente sobre los asuntos públicos, sin considerar las palabras un perjuicio para la acción, sino el no aprender de antemano mediante la palabra antes de pasar de hecho a ejecutar lo que es preciso. Pues también poseemos ventajosamente esto: el ser atrevidos y deliberar especialmente sobre lo que vamos a emprender; en cambio en los otros la ignorancia les da temeridad y la reflexión les implica demora. Podrían ser considerados justamente los de mejor ánimo aquellos que conocen exactamente lo agradable y lo terrible y no por ello se apartan de los peligros. Y en lo que concierne a la virtud nos distinguimos de la mayoría, pues nos procuramos a los amigos, no recibiendo favores sino haciéndolos. Y es que el que otorga el favor es un amigo más seguro para mantener la amistad que le debe aquel a quien se lo hizo, pues el que lo debe es en cambio más débil, ya que sabe que devolverá el favor no gratuitamente sino como si fuera una deuda. Y somos los únicos que sin angustiarnos procuramos a alguien beneficios no tanto por el cálculo del momento oportuno como por la confianza en nuestra libertad.
41. Resumiendo, afirmo que la ciudad toda es escuela de Grecia, y me parece que cada ciudadano de entre nosotros podría procurarse en los más variados aspectos una vida completísima con la mayor flexibilidad y encanto. Y que estas cosas no son jactancia retórica del momento actual sino la verdad de los hechos, lo demuestra el poderío de la ciudad, el cual hemos conseguido a partir de este carácter. Efectivamente, es la única ciudad de las actuales que acude a una prueba mayor que su fama, y la única que no provoca en el enemigo que la ataca indignación por lo que sufre, ni reproches en los súbditos, en la idea de que no son gobernados por gentes dignas. Y al habernos procurado un poderío con pruebas más que evidentes y no sin testigos, daremos ocasión de ser admirados a los hombres de ahora y a los venideros, sin necesitar para nada el elogio de Homero ni de ningún otro que nos deleitará de momento con palabras halagadoras, aunque la verdad irá a desmentir su concepción de los hechos; sino que tras haber obligado a todas las tierras y mares a ser accesibles a nuestro arrojo, por todas partes hemos contribuido a fundar recuerdos imperecederos para bien o para mal. Así pues, éstos, considerando justo no ser privados de una tal ciudad, lucharon y murieron noblemente, y es natural que cualquiera de los supervivientes quiera esforzarse en su defensa.
42. Esta es la razón por la que me he extendido en lo referente a la ciudad enseñándoles que no disputamos por lo mismo nosotros y quienes no poseen nada de todo esto, y dejando en claro al mismo tiempo con pruebas ejemplares el público elogio sobre quienes ahora hablo. Y de él ya está dicha la parte más importante. Pues las virtudes que en la ciudad he elogiado no son otras que aquellas con que las han adornado estos hombres y otros semejantes, y no son muchos los griegos cuya fama, como la de éstos, sea pareja a lo que hicieron. Y me parece que pone de manifiesto la valía de un hombre, el desenlace que éstos ahora han tenido, al principio sólo mediante indicios, pero luego confirmándola al final. Pues es justo que a quienes son inferiores en otros aspectos se les valore en primer lugar su valentía en defensa de la patria, ya que borrando con lo bueno lo malo reportaron mayor beneficio a la comunidad que lo que la perjudicaron como simples particulares. Y de ellos ninguno flojeó por anteponer el disfrute continuado de la riqueza, ni demoró el peligro por la esperanza de que escapando algún día de su pobreza podría enriquecerse. Por el contrario, consideraron más deseable que todo esto el castigo de los enemigos, y estimando además que éste era el más bello de los riesgos decidieron con él vengar a los enemigos, optando por los peligros, confiando a la esperanza lo incierto de su éxito, estimando digno tener confianza en sí mismos de hecho ante lo que ya tenían ante su vista. Y en ese momento consideraron en más el defenderse y sufrir, que ceder y salvarse; evitaron una fama vergonzosa, y aguantaron el peligro de la acción al precio de sus vidas, y en breve instante de su Fortuna, en el esplendor mismo de su fama más que de su miedo, fenecieron.
43. Y así éstos, tales resultaron, de modo en verdad digno a su ciudad. Y preciso es que el resto pidan tener una decisión más firme y no se den por satisfechos de tenerla más cobarde ante los enemigos, viendo su utilidad no sólo de palabra, cosa que cualquiera podría tratar in extenso ante ustedes, que la conocéis igual de bien, mencionando cuántos beneficios hay en vengarse de los enemigos; antes por el contrario, contemplando de hecho cada día el poderío de la ciudad y enamorándose de él, y cuando les parezca que es inmenso, piensen que todo ello lo adquirieron unos hombres osados y que conocían su deber, y que actuaron con pundonor en el momento de la acción; y que si fracasaban al intentar algo no se creían con derecho a privar a la ciudad de su innata audacia, por lo que le brindaron su más bello tributo: dieron, en efecto, su vida por la comunidad, cosechando en particular una alabanza imperecedera y la más célebre tumba: no sólo el lugar en que yacen, sino aquella otra en la que por siempre les sobrevive su gloria en cualquier ocasión que se presente, de dicho o de hecho. Porque de los hombres ilustres tumba es la tierra toda, y no sólo la señala una inscripción sepulcral en su ciudad, sino que incluso en los países extraños pervive el recuerdo que, aun no escrito, está grabado en el alma de cada uno más que en algo material. Imiten ahora a ellos, y considerando que su libertad es su felicidad y su valor su libertad, no se angustien en exceso sobre los peligros de la guerra. Pues no sería justo que escatimaran menos sus vidas los desafortunados (ya que no tienen esperanzas de ventura), sino aquellos otros para quienes hay el peligro de sufrir en su vida un cambio a peor, en cuyo caso sobre todo serían mayores las diferencias si en algo fracasaran. Pues, al menos para un hombre que tenga dignidad, es más doloroso sufrir un daño por propia cobardía que, estando en pleno vigor y lleno de esperanza común, la muerte que llega sin sentirse.
44. Por esto precisamente no compadezco a ustedes, los padres de estos de ahora que aquí están presentes, sino que más bien voy a consolarles. Pues ellos saben que han sido educados en las más diversas experiencias. Y la felicidad es haber alcanzado, como éstos, la muerte más honrosa, o el más honroso dolor como ustedes y como aquellos a quienes la vida les calculó por igual el ser feliz y el morir. Y que es difícil convencerles de ello lo sé, pues tendrán múltiples ocasiones de acordarse de ellos en momentos de alegría para otros, como los que antaño también eran su orgullo. Pues la pena no nace de verse privado uno de aquellas cosas buenas que uno no ha probado, sino cuando se ve despojado de algo a lo que estaba acostumbrado. Preciso es tener confianza en la esperanza de nuevos hijos, los que aún están en edad, pues los nuevos que nazcan ayudarán en el plano familiar a acordarse menos de los que ya no viven, y será útil para la ciudad por dos motivos: por no quedar despoblada y por una cuestión de seguridad. Pues no es posible que tomen decisiones equitativas y justas quienes no exponen a sus hijos a que corran peligro como los demás. Y a su vez, cuantos han pasado ya la madurez, consideren su mayor ganancia la época de su vida en que fueron felices, y que ésta presente será breve, y alíviense con la gloria de ellos. Porque las ansias de honores es lo único que no envejece, y en la etapa de la vida menos útil no es el acumular riquezas, como dicen algunos, lo que más agrada, sino el recibir honores.
45. Por otra parte, para los hijos o hermanos de éstos que aquí están presentes veo una dura prueba (pues a quien ha muerto todo el mundo suele elogiar) y a duras penas podrían ser considerados, en un exceso de virtud por su parte, no digo iguales sino ligeramente inferiores. Pues para los vivos queda la envidia ante sus adversarios, en cambio lo que no está ante nosotros es honrado con una benevolencia que no tiene rivalidad. Y si debo tener un recuerdo de la virtud de las mujeres que ahora quedarán viudas, lo expresaré todo con una breve indicación. Para ustedes será una gran fama el no ser inferiores a vuestra natural condición, y que entre los hombres se hable lo menos posible de ustedes, sea en tono de elogio o de crítica.
46. He pronunciado también yo en este discurso, según la costumbre, cuanto era conveniente, y los ahora enterrados han recibido ya de hecho en parte sus honras; a su vez la ciudad va a criar a expensas públicas a sus hijos hasta la juventud, ofreciendo una útil corona a éstos y a los supervivientes de estos combates. Pues es entre quienes disponen de premios mayores a la virtud donde se dan ciudadanos más nobles. Y ahora, después de haber concluido los lamentos fúnebres, cada cual en honor de los suyos, márchense”.
[editar] Véase también
Pericles
Tucídides
[editar] Referencias
1.↑ Tucídides, Historia de la Guerra del Peloponeso, II, 34
Véase también: Tucídides, El discurso fúnebre de Pericles, publicado por Ediciones Sequitur, Madrid 2007, ISBN: 978-84-95363-31-2
[editar] Enlaces externos
Wikisource contiene obras originales de o sobre Pericles's Funeral Oration.Wikisource
domingo, 1 de agosto de 2010
Existem bilhões de galáxias no Universo observável. Em cada uma delas contém centenas de bilhões de estrelas……Em uma dessas galáxias, orbitando em uma dessas estrelas se encontra um pequeno Planeta azul….. E este planeta é governado por um bando de macacos.
Mas esse macacos não pensam em si mesmos como macacos. Sequer pensam em si mesmos como animais….. De fato eles adoram listar todas coisas que eles pensam separá-los dos animais: …. Polegares opostos……Auto-consciêcia……..Eles usam palavras como Homo-Erectus e Australopitecus…….Eles são animais certo?? São MACACOS. Macacos com tecnologia de fibra óptica digital de alta velocidade…… Mas ainda sim Macacos.
Quero dizer, eles são espertos, você tem que conceder isso…… As Pirâmides, os arranha-céus, os jatos, a Grande Muralha da China, tudo isso é muito impressionante……. para um bando de macacos. Macacos cujo cérebro evoluiu a um tamanho tão ingovernável, que agora é bastante impossível para eles ficarem felizes por muito tempo….. Na verdade eles são os únicos animais que pensam que deveriam ser felizes….. Todos os outros animais podem simplesmente ser.
Mas não é tão simples assim para os macacos. Pois esses macacos são amaldiçoados com a consciência. E assim os macacos tem medo…. os macacos se preocupam…Os macacos se preocupam com tudo…mas acima de tudo com o que todos os outros macacos pensam…. porque os macacos querem desesperadamente se encaixar com os outros macacos. O que é bem difícil, porque a maioria dos macacos se odeia….. Isto é o que realmente os separa dos outros animais….. esses macacos Odeiam….
Odeiam macacos que são diferentes. Odeiam macacos de lugares diferentes. Macacos de cores diferentes…….Sabe, os macacos se sentem sozinhos…… todos os 6 bilhões deles.
Alguns dos macacos pagam outros macacos para ouvir seus problemas….. Os macacos querem respostas……
Os Macacos sabem que vão morrer então fazem deuses, e os adoram…. Então os macacos começam a discutir quem fez o deus melhor….. e os macacos ficam irritado, e então, é quando eles geralmente decidem que é uma boa hora de começar a matar uns aos outros….Então os macacos fazem a guerra….. eles fazem bombas de hidrogênio….Os macacos tem o planeta inteiro preparado pra explodir Os macacos não sabem o que fazer.
Alguns macacos tocam pra uma multidão vendida de outros macacos….. Eles fazem troféus e então os dão para si mesmos… como se isto significasse algo..
Alguns dos macacos acham que sabem tudo….. Alguns dos macacos lêem Nietzsche… os macacos discutem Nietzsche……. sem dar qualquer consideração ao fato que Nietzsche,.. era só outro macaco.
Os macacos fazem planos… os macacos se apaixonam…os macacos fazem sexo…. e então fazem mais macacos……. Os macacos fazem música….. e então eles dançam…os macacos fazem muito barulho. Os macacos tem tanto potencial. Se eles pelo menos se dedicassem…..
Os macacos raspam o pelo de seus corpos numa ostensiva negação de sua natureza de macaco. Eles constroem gigantes colméias de macacos que eles chamam de “cidades”… Os macacos desenham um monte de linhas imaginárias sobre a Terra. Os macacos estão ficando sem petróleo, o combustível da sua precária civilização… Os macacos estão polunido e saqueando seu planeta como se não houvesse amanhã…..
Os macacos gostam de fingir que está tudo bem….. Alguns dos macacos realmente acreditam que o universo inteiro foi feito para o seu próprio benefício…… como você pode ver, eles são uns macacos atrapalhados….. Eles são ao mesmo tempo as criaturas mais belas e mais feias da natureza
E os macacos não querem ser macacos……. eles querem ser outra coisa…… MAS Não São…
Mas esse macacos não pensam em si mesmos como macacos. Sequer pensam em si mesmos como animais….. De fato eles adoram listar todas coisas que eles pensam separá-los dos animais: …. Polegares opostos……Auto-consciêcia……..Eles usam palavras como Homo-Erectus e Australopitecus…….Eles são animais certo?? São MACACOS. Macacos com tecnologia de fibra óptica digital de alta velocidade…… Mas ainda sim Macacos.
Quero dizer, eles são espertos, você tem que conceder isso…… As Pirâmides, os arranha-céus, os jatos, a Grande Muralha da China, tudo isso é muito impressionante……. para um bando de macacos. Macacos cujo cérebro evoluiu a um tamanho tão ingovernável, que agora é bastante impossível para eles ficarem felizes por muito tempo….. Na verdade eles são os únicos animais que pensam que deveriam ser felizes….. Todos os outros animais podem simplesmente ser.
Mas não é tão simples assim para os macacos. Pois esses macacos são amaldiçoados com a consciência. E assim os macacos tem medo…. os macacos se preocupam…Os macacos se preocupam com tudo…mas acima de tudo com o que todos os outros macacos pensam…. porque os macacos querem desesperadamente se encaixar com os outros macacos. O que é bem difícil, porque a maioria dos macacos se odeia….. Isto é o que realmente os separa dos outros animais….. esses macacos Odeiam….
Odeiam macacos que são diferentes. Odeiam macacos de lugares diferentes. Macacos de cores diferentes…….Sabe, os macacos se sentem sozinhos…… todos os 6 bilhões deles.
Alguns dos macacos pagam outros macacos para ouvir seus problemas….. Os macacos querem respostas……
Os Macacos sabem que vão morrer então fazem deuses, e os adoram…. Então os macacos começam a discutir quem fez o deus melhor….. e os macacos ficam irritado, e então, é quando eles geralmente decidem que é uma boa hora de começar a matar uns aos outros….Então os macacos fazem a guerra….. eles fazem bombas de hidrogênio….Os macacos tem o planeta inteiro preparado pra explodir Os macacos não sabem o que fazer.
Alguns macacos tocam pra uma multidão vendida de outros macacos….. Eles fazem troféus e então os dão para si mesmos… como se isto significasse algo..
Alguns dos macacos acham que sabem tudo….. Alguns dos macacos lêem Nietzsche… os macacos discutem Nietzsche……. sem dar qualquer consideração ao fato que Nietzsche,.. era só outro macaco.
Os macacos fazem planos… os macacos se apaixonam…os macacos fazem sexo…. e então fazem mais macacos……. Os macacos fazem música….. e então eles dançam…os macacos fazem muito barulho. Os macacos tem tanto potencial. Se eles pelo menos se dedicassem…..
Os macacos raspam o pelo de seus corpos numa ostensiva negação de sua natureza de macaco. Eles constroem gigantes colméias de macacos que eles chamam de “cidades”… Os macacos desenham um monte de linhas imaginárias sobre a Terra. Os macacos estão ficando sem petróleo, o combustível da sua precária civilização… Os macacos estão polunido e saqueando seu planeta como se não houvesse amanhã…..
Os macacos gostam de fingir que está tudo bem….. Alguns dos macacos realmente acreditam que o universo inteiro foi feito para o seu próprio benefício…… como você pode ver, eles são uns macacos atrapalhados….. Eles são ao mesmo tempo as criaturas mais belas e mais feias da natureza
E os macacos não querem ser macacos……. eles querem ser outra coisa…… MAS Não São…
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